A equipe do Diário do Metrô BH recentemente percorreu o trecho da futura linha 2 do metrô de Belo Horizonte, cobrindo cerca de 4 quilômetros da faixa de domínio, dos 10,5 previstos, da estação Nova Suíssa até a futura estação Salgado Filho/Nova Cintra. O trajeto serviu para observarmos de perto a realidade atual do local e as potenciais mudanças que podem estar a caminho.
Em março de 2023, o Metrô BH foi concedido ao Grupo Comporte, iniciando uma nova fase para o transporte público da capital. A Comporte, que venceu o leilão de concessão em dezembro de 2022 com uma proposta de R$ 25,7 milhões, assumiu oficialmente a responsabilidade de gerir e operar o metrô.
Observamos durante nossa visita sinais de que mudanças podem estar próximas para a linha 2 do metrô. A faixa de domínio entre a futura estação Nova Suíssa e a estação Amazonas foi recentemente limpa, com árvores de pequeno porte podadas e os resíduos reunidos para posterior retirada. Apesar da possibilidade da limpeza ter sido realizada pela Ferrovia Centro Atlântica, a ação foi efetuada também na faixa de domínio da linha 2 do metrô, sugerindo uma possível cooperação entre a FCA e o Metrô BH.
No entanto, a antiga estação Gameleira da Ferrovia Centro Atlântica e a paralisada Estação Amazonas, única da linha 2 que teve obras iniciadas (1998 a 2002), estão atualmente ocupadas por moradores de rua.
Durante nossa visita, a questão das invasões à faixa de domínio se mostrou especialmente preocupante. Fomos testemunhas de flagrantes desrespeitos à propriedade pública, incluindo a construção de um segundo andar em um imóvel, localizado próximo onde foi proposta a Estação Amazonas feita pelo estudo do BNDES.
As invasões, que variam de habitações improvisadas a construções mais estruturadas, estão concentradas em uma região de extrema pobreza. Muitas das construções são de simples alvenaria, sem reboco ou pintura, e claramente em situação precária. Entretanto, foi possível observar também imóveis de melhor padrão construtivo, com pintura e telhados em boas condições.
A faixa de domínio, além de ser ocupada ilegalmente, tem sofrido com o descarte irregular de lixo e entulho, transformando-se em uma espécie de rua de terra. Em alguns trechos, os trilhos da FCA estão quase totalmente cobertos por detritos. Tal cenário dificulta ainda mais a perspectiva de obras e investimentos para a linha 2 do metrô, e ressalta a urgência de uma solução para o problema.
Segundo Pedro Bruno Barros de Souza, secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, a construção da Linha 2, que vai ligar a região do Barreiro, deve começar no 18º mês da concessão, ou seja, no início do segundo semestre de 2024. A previsão é que as obras sejam concluídas em 2029.