A história esquecida do trem que ligava o Barreiro ao Centro de Belo Horizonte

Saiba mais sobre o trem de subúrbio Barreiro - Matadouro, uma importante parte da história dos transportes coletivos em Belo Horizonte, conectando o Barreiro ao Centro da cidade.

O trem de subúrbio Barreiro – Matadouro foi uma importante parte da história dos transportes coletivos em Belo Horizonte. Em 1957, este trem começou a trafegar na cidade, e com base nos “cálculos otimistas para a linha”, acreditava-se que seria possível transportar cerca de 80 mil passageiros por dia até 1966. Essa expectativa levou à proposta de eletrificação da rede, iniciada pela Central do Brasil em 1959 e parcialmente implantada nos anos seguintes.

O projeto ambicioso de 27 km de extensão ligaria o Barreiro ao Matadouro, oferecendo aos passageiros trens de alta velocidade que percorreriam o trajeto em apenas 27 minutos. Além disso, a linha seria cercada por muros para garantir a segurança da população e contaria com cinco pontos de parada e preço único nas passagens.

Apesar do apoio de várias comissões de bairros da região, o projeto enfrentou oposição de movimentos contrários à eletrificação, liderados principalmente por proprietários de casas na rua Mauá e concessionários de ônibus e lotações, que temiam a concorrência dos trens eletrificados. A ação desses opositores acabou pesando na não implantação total do plano.

Trem de subúrbio Barreiro-Matadouro passando pela região da Lagoinha

Com o afastamento gradual do poder público da operação de transportes coletivos, a rede de ônibus encontrou facilidades para se expandir e, assim, o trem de subúrbio passou a enfrentar a concorrência dos ônibus. Em 1968, a realidade mostrou-se adversa ao sistema, já que “somente quatrocentas pessoas embarcavam diariamente no Barreiro”. A manutenção do sistema elétrico, bastante cara, levou à substituição da rede elétrica pelo sistema diesel-elétrico, usando os mesmos carros.

Os trens utilizados na linha eram de aço carbono, bem feios, mas bastante confortáveis, com portas elétricas, três portas laterais. Eram idênticos aos carros do metrô, mas eram cinza”. Esses trens ganharam apelidos como “Caturrão” e “Péla-Saco” devido à sua aparência.

Em 1979, os trens de subúrbio operados pela RFFSA/SR-2 na Grande BH se dividiam em três sistemas: Barreiro, Betim e Rio Acima. A implantação do trem metropolitano substituiu, gradativa e parcialmente, os dois primeiros. Em 1985, o metrô iniciou suas viagens experimentais, e em 1986, entrou em operação comercial remunerada.

Por fim, o sistema de trens de subúrbio Barreiro foi suspenso em 1989, e o último sistema de trens suburbanos, o de Rio Acima, teve sua operação encerrada em 1996. A história do trem de subúrbio Barreiro – Matadouro ilustra os desafios enfrentados pelos sistemas de transporte coletivo e as mudanças ocorridas no setor ao longo das décadas.

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Isaac Garcias é um webdesigner especializado em sites de mobilidade urbana, apaixonado por urbanismo e suas possibilidades. Com vasta experiência em criação de plataformas digitais para transporte público, busca sempre soluções inovadoras e eficientes para melhorar a vida nas cidades.
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